Dor de cabeça: é preciso encontrar a causa para ter o real alívio da dor.
A dor de cabeça tem sido cada vez mais comum na população brasileira e atualmente, vivenciamos no consultório, pacientes se arrastando por anos com dores cervicais, na face, boca travada, com estalos na articulação temporomandibular, zumbidos nos ouvidos, dores no fundo do olho, face inchada por hipertrofia muscular e não mais sabendo o que fazer e para onde ir para aliviar essas dores. Essas pessoas percorrem anos de suas vidas tentando amenizar os sintomas ou, às vezes, como muitos me relatam, se acostumam com as dores de cabeça. É muito comum ainda, o relato de que o estresse ocasiona a dor de cabeça.
A procura pela remoção da dor se faz esquecer que temos que trabalhar nas causas dela, e assim, 80 % dos pacientes que atendo no consultório, se apresentam ingerindo uma quantidade muito grande de analgésicos, anti-inflamatórios, ansiolíticos, e antidepressivos, sendo que em momento algum a causa da dor foi combatida. Essa conduta ocasiona em pacientes descrentes, dependentes de medicamentos, cansados e ansiosos, com alterações hepáticas, e até gastrointestinais devido a frequência e quantidade de medicamentos ingeridos.
A maioria dos pacientes que trato já tiveram que ir ao pronto socorro para tomar medicação intravenosa, sem saber que estavam somente aliviando a dor, mas não combatendo a causa, que permanece no paciente, ocasionando outros episódios.
Normalmente, esses pacientes quando me procuram já passaram por inúmeros profissionais, inclusive especialistas das áreas referente a queixa principal (neurologistas, otorrinolaringologistas, etc…), fazendo com que, diagnósticos sejam excluídos, e assim, se torna ainda mais simples e de grande ajuda na identificação de uma provável DTM.
No primeiro momento, realizamos uma investigação completa através de anamnese detalhada, exame físico, clínico e se necessário radiográfico. Chegando ao diagnóstico de DTM, traçamos um plano de tratamento.
Na DTM, o comprometimento da musculatura da mastigação é onde está a grande causa do problema. A tensão muscular proveniente de maus hábitos como bruxismo do sono, apertamento diurno, roer unha, morder lábios e bochechas, hábitos de colocar objetos na boca, entre outros, são condições que levam a hiperfunção dos músculos, gerando uma hipertrofia muscular, encurtamento das fibras, diminuindo os níveis de oxigênio e acúmulo de toxinas geradoras de dor na região afetada, desenvolvendo pontos gatilhos ou trigger points, que são pontos de dor localizados no músculo estriado esquelético e causadores de tanto sofrimento.
Esses pontos podem gerar dores locais ou a distância, que chamamos de dor referida. Esses pontos, ao serem encontrados e estimulados, fazem com que a dor da queixa seja reproduzida, ou seja, ao identificar esses pontos conseguimos reproduzir a dor na cabeça, o zumbido nos ouvidos e até dores no fundo dos olhos. Diversas técnicas são utilizadas para a desativação desses pontos de dor, gerando a liberação das substâncias tóxicas e assim o alívio das dores.
Em condições emocionais onde a tensão e o estresse estão envolvidos, o comprometimento e a dor se tornam ainda mais intensos.
Alguns sinais mais comuns de dores na cabeça provenientes de uma DTM, são parecidos com uma cefaléia tensional e se apresentam como, dor nas têmporas de ambos os lados, intensidade moderada, do tipo pressão ou aperto e pode piorar ou aparecer a partir da função de mastigar, falar ou comer. O estresse e a tensão podem piorar o quadro.
Se você apresenta um ou mais desses sintomas, pode ser DTM. Procure um dentista especializado em tratamento de DTM e Dores Orofaciais.
Agora, se você é profissional da saúde e seu paciente relata dores fortes na cabeça, faça uma breve investigação e oriente-o de uma possível DTM, encaminhando-o para um tratamento seguro e eficaz. Lembre-se: Plaquinha e medicação não tratam DTM, é necessário remover a causa do problema.