Aproximadamente 33% dos adultos têm, pelo menos, um sintoma ou um sinal de DTM
A DTM é bastante comum entre crianças e adolescentes. No entanto, a maioria dos casos são detectados em adultos e jovens.
Entretanto, a DTM é duas vezes mais frequente em mulheres do que homens e a dor é o principal fator responsável pela procura de tratamento das mulheres. Assim, estas buscam ajuda 4 a 5 vezes mais frequentemente do que os homens.
Cerca de 73% dos casos de DTM são de componente muscular, 8% de componente articular e 19% de ambas.
Todavia, os subtipos mais comuns de DTM nas populações clínicas parecem ser dor miofascial e artralgia, enquanto que, em não-doentes, os ruídos articulares parecem ser o sintoma mais comum. Ademais, os estalidos são os ruídos articulares mais comuns, variando de 25% a 43% .
Não obstante, de acordo com a SBDOF – SOCIEDADE BRASILEIRA DE DOR OROFACIAL, a causa da DTM é considerada multifatorial. Ou seja, fatores biomecânicos, neuromusculares, biopsicossociais e neurobiológicos podem contribuir. Estes fatores são classificados como predisponentes (estruturais, metabólicos e/ou psicológicos), precipitantes (por ex. traumatismo ou sobrecarga muscular) e agravantes (parafunções, hormonais ou psicossociais).
Múltiplos Fatores de Risco para a DTM têm Sido Sugeridos
Muitos fatores para a disfunção temporomandibular têm sido sugeridos como: oclusão, parafunções (bruxismo), traumatismos, hipermotilidade, estresse, personalidade, idade, sexo, genética e doenças sistêmicas são considerados fatores de risco que, possivelmente, contribuem para DTM.
O bruxismo, no entanto, é considerado uma parafunção. Este pode ser classificado em primário (ou idiopático) e em secundário (consequência de patologia neurológica ou como efeito adverso de fármacos ou drogas), em ambos os casos pode ser subclassificado em bruxismo de vigília e em bruxismo do sono.
Além disso, a depressão também está associada a sintomas da DTM e a somatização foi considerada um fator de risco para dor miofascial. Ainda, investigações recentes têm sido direcionadas para genes relacionados com variações individuais na percepção da dor.
A Cefaleia Também é Reconhecida como um dos Sintomas mais Comuns da DTM
Muitas DTM crônicas têm a dor como sintoma e queixa principal. A qualidade de vida dos pacientes com DTM está inter-relacionada com o controle da dor orofacial, ou o conjunto de condições dolorosas provenientes da boca e face, incluindo a dor de dente, as DTM, as neuralgias, alguns tipos de cefaleias e outros quadros dolorosos.
Outra análise importante é a dos distúrbios do sono em pacientes com DTM, a qual não está só condicionada ao bruxismo do sono como tradicionalmente é realizado o diagnóstico.
A Odontologia tem despertado para a existência de outros distúrbios do sono, em especial, da Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) que traz prejuízos consideráveis à qualidade de vida e também às estruturas dentárias do paciente.
Entretanto, o entendimento dos distúrbios do sono é importante para que se possa promover um aprimoramento no tratamento de diversas doenças.
Isso porque, como os distúrbios do sono constituem uma manifestação frequente em doenças onde a dor exerce um papel importante, na abordagem de pacientes com manifestações dolorosas e distúrbios do sono, o tratamento deve enfocar não apenas o alívio da dor, mas também os distúrbios do sono.
Deve-se levar em conta a influência de fatores emocionais, disfunção respiratória, limitação motora, condicionamento físico e o uso de medicamentos que alteram o padrão do sono. Nos distúrbios do sono, além da sonolência diurna, outras manifestações devem ser levadas em conta como a fadiga, os distúrbios de humor e do raciocínio.
Diversas Patologias Apresentam Piora dos Sintomas à Noite ou ao Despertar
Patologias diversas podem apresentar piora dos sintomas da DTM à noite ou ao despertar. E este é o caso das doenças reumatológicas, da isquemia miocárdica, da cefaléia, das queixas gastrointestinais, da dor tumoral, dos processos dentários e ainda dos distúrbios afetivos.
Pacientes com dor crônica apresentam redução da eficiência do sono, dificuldade para dormir e para o despertar. E, além disso, podem apresentar perfil depressivo.
Ainda, existem evidências de que o sono profundo pode representar um mecanismo compensatório para os processos dolorosos crônicos, de modo que pacientes com maior quantidade de sono profundo, provavelmente, experimentam os sintomas dolorosos com menor intensidade.
O sono é uma atividade essencial para a manutenção da saúde e do bem-estar. Apesar da sua função ainda ser uma das grandes questões da ciência, sabemos que alterações no padrão de sono, como a redução do tempo ou a fragmentação do sono, causam consequências em diversos sistemas fisiológicos.
Tratamento da DTM
Para quase todos os tipos de DTM, o tratamento inicial deve ser conservador (reversível). O tratamento de um doente com DTM pode contemplar educação do doente e autocuidado, terapêutica cognitiva e comportamental, fisioterapia, terapêutica farmacológica, oclusal e cirúrgica.
Uma rotina de autocuidado deve incluir limitação voluntária da função mandibular, consciência e alteração de hábitos (funcionais e parafuncionais) e um programa de fisioterapia doméstica.
A aplicação de calor e/ou gelo nas áreas dolorosas, massagem das regiões musculares afetadas e exercícios mandibulares (de abertura forçada, lateralidade e protrusão, contrariados ou não) podem reduzir a hipersensibilidade e a dor e aumentar a amplitude do movimento.
Todavia, no que respeita à terapêutica cognitiva e comportamental, modificações significativas no estilo de vida do doente são frequentemente necessárias, essencialmente em prol dos fatores agravantes.
Se uma abordagem mais estruturada estiver indicada, estratégias como programas de eliminação de hábitos, aconselhamento de estilo de vida e biofeedback devem ser consideradas.
Entretanto, as técnicas de fisioterapia podem ainda ser complementadas por modalidades como eletroterapia e eliminação dos pontos gatilhos musculares (zonas de hiperirritabilidade do músculo esquelético que correspondem a pequenos nódulos palpáveis), através de agulhamento seco.
A cirurgia é eficaz em problemas articulares específicos e deve ser usada apenas em casos selecionados. Apenas 1 a 2% dos doentes com DTM têm indicação para intervenção cirúrgica da ATM.
Mudanças no Padrão de Sono Podem Também Trazer Resposta à Dor
Uma noite de sono de má qualidade pode aumentar a sensibilidade dolorosa no dia seguinte. E pacientes acometidos por quadros de dor crônica apresentam fragmentação do sono, condição que pode elevar o quadro de dor.
Um estudo que investigou a relação da duração do sono e a presença de queixas dolorosas na população, encontrou que indivíduos que dormiam menos que 6 horas por noite relataram mais queixas dolorosas no dia seguinte. E, ainda, aqueles que dormiam por 3 horas ou menos tiveram um aumento de 81% na frequência de dor.
Além disso, aproximadamente 50% dos pacientes com dor crônica relatam algum problema de sono, sendo que esses problemas estão intimamente associados com a gravidade da dor.
Muitos pesquisadores e profissionais na prática clínica, entretanto, estão se tornando conscientes da importância da relação entre alterações no tempo ou qualidade do sono e presença de condições dolorosas crônicas.
Alguns pacientes podem, contudo, apresentar má qualidade de sono somente por práticas inadequadas de sono, e a modificação comportamental deve fazer parte do plano de tratamento.
Concluindo
Assim, podemos concluir que distúrbios do sono ou DTM não diagnosticados ou não tratados contribuem com a má qualidade de vida, afetando outras áreas da saúde.
A identificação da queixa e o encaminhamento para uma avaliação formal da dor e sono é um importante passo, especialmente em casos crônicos.
Além disso, caso o paciente apresente alguma queixa relacionada a dores e sono, é fundamental encaminhar o paciente para uma avaliação formal.
Vamos juntos ajudar nossos pacientes a encontrarem alívio e vida plena?